PODOCARPACEAE

Podocarpus lambertii Klotzsch ex Endl.

Como citar:

Daniel Maurenza de Oliveira; Tainan Messina. 2012. Podocarpus lambertii (PODOCARPACEAE). Lista Vermelha da Flora Brasileira: Centro Nacional de Conservação da Flora/ Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

LC

EOO:

1.186.564,99 Km2

AOO:

348,00 Km2

Endêmica do Brasil:

Detalhes:

Ocorre na Argentina e Brasil, nos estados da Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Souza, 2010).

Avaliação de risco:

Ano de avaliação: 2012
Avaliador: Daniel Maurenza de Oliveira
Revisor: Tainan Messina
Categoria: LC
Justificativa:

<i>P. lambertii</i> é uma arbórea que ocorre em florestas e formações campestres de 3 biomas brasileiros. A espécie possui propriedades que a tornam interessante para a indústria de celulose e madeireira. Também possui usos medicinais, paisagísticos e para o reflorestamento. Apresenta Extensão de Ocorrência superior à 20.000 km², sendo categorizada sem risco de extinção.

Perfil da espécie:

Obra princeps:

​A espécie se caracteriza por apresentar folhas elípticas, nervura sulcada na face adaxial e escamas das gemas terminais oval-triangulares (Garcia, 2002).Nome-popular: pinheiro-bravo (Carvalho, 2004)

Valor econômico:

Potencial valor econômico: Desconhecido

População:

Flutuação extrema: Sim
Detalhes: O tamanho populacional de Podocarpus lambertii foi estimado pela equipe do CNCFlora, a partir dos trabalhos de Longhi et al. (1992); Seger et al. (2005); Kozera et al. (2006); Silva et al.(2012); Callegaro et al. (2012); Rorato (2012).

Ecologia:

Biomas: Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica
Fitofisionomia: ​Floresta ombrófila mista, floresta de Podocarpus e campos rupestres (CNCFlora, 2011).
Habitats: 1.6 Subtropical/Tropical Moist Lowland, 1.9 Subtropical/Tropical Moist Montane, 1 Forest, 3.7 Subtropical/Tropical High Altitude
Detalhes: Árvore perene, que habita formações florestais e campestres de elevada altitude do sul ao nordeste do Brasil. Fértil durante o ano todo e polinizada pelo vento.

Ameaças (3):

Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
A Mata Atlântica do Rio Grande do Sul remanescente é de 7,33% (SOS Mata Atlântica; INPE, 2009). Entre os municípios de ocorrência da espécie, São Francisco de Paula tem altos índices de desmatamento da Mata Atlântica, o quarto maior do país, tendo suprimido 40,09km² entre 2002 a 2008 (MMA; IBAMA, 2010).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
O Estado de São Paulo originalmente possuía aproximadamente 81,8% (20.450.000 ha) de seu território. Hoje, a Mata Atlântica no Estado representa cerca de 18% da remanescente no Brasil, concentrando-se ao longo do litoral e encostas da Serra do Mar, significando cerca de 8,3% da área do Estado e 83,6% da vegetação nativa ainda existente no Estado. Mesmo em áreas protegidas ocorrem ameaças como invasões de populações marginalizadas (favelização de manguezais e encostas), especulação imobiliária, mineração, extrativismo vegetal clandestino, caça e pesca predatórias, lixões, poluição da água, mar, ar e solo e chuva ácida sendo essas ameaças permanentes à conservação dos remanescentes da Mata Atlântica no estado de São Paulo (Costa, 1997).
Estresse Ameaça Declínio Tempo Incidência Severidade
1 Habitat Loss/Degradation (human induced)
No estado do Rio Grande do Sul, o desmatamento dos bosques naturais, especialmente da Floresta Estacional e da Mata dos Pinheiros, é uma das conseqüências do modelo de desenvolvimento que sempre buscou novas fronteiras agrícolas e novas áreas para cultivo, promovendo o plantio até a borda dos cursos d´agua, com perda de vegetação ciliar, e implicando no uso de adubos químicos de alta solubilidade e na aplicação de herbicidas e pesticidas. A conseqüência imediata da retirada da cobertura vegetal foi a maior fragmentação dos ecossistemas e o aumento do processo erosivo. A longo prazo, tal situação levou a sérios problemas associados, como perda da capacidade produtiva das terras, redução nas colheitas, degradação física, química e biológica dos solos, aumento no custo de produção, assoreamento dos rios e reservatórios, redução na qualidade e disponibilidade da água, aumento no custo de tratamento e danos à vida aquática. O domínio da Mata Atlântica ocupava, originalmente, cerca de 13 milhões de hectares (50% da superfície do Estado), tendo atualmente remanescentes de mata e restinga que atingem apenas 600.000 hectares, aproximadamente, 5% da cobertura original. Outra conseqüência direta do desmatamento abusivo tem sido o desaparecimento gradativo de espécies vegetais de valor econômico e ecológico, das quais se destacam o pinheiro brasileiro, (Araucaria angustifolia), as canelas (Nectandra spp.), os angicos (Parapiptadenia rigida), os cedros (Cedrela fissilis), as grápias (Apuleia leiocarpa), as imbuias (Ocotea porosa), etc. O ecossistema campos, em área limítrofe com a Argentina e com o Uruguai, vem sofrendo forte descaracterização em função da utilização intensiva para atividades agropecuárias e com o incremento do uso de espécies vegetais exóticas para melhorar as pastagens naturais. Este processo destrói as características naturais do ecossistema campo, colocando-as em risco de completa eliminação, apesar de sua importância ecológica. Cabe ressaltar a necessidade de serem adotadas soluções conjuntas, pois alguns desses locais formam corredores ecológicos. Nas áreas de restinga, junto ao Litoral do Estado do RS, há situações bastante distintas em função de influências antrópicas e relativamente ao seu estado de conservação, no que se refere aos aspectos da biodiversidade. O Litoral-Norte, que tem estreita relação com os remanescentes da Mata Atlântica, teve forte perda de suas características naturais, motivadas por urbanização, além de outros fatores antrópicos de menor intensidade. No Litoral Médio e no Litoral Sul, há uma ocupação principalmente com agricultura extensiva e cultivos de florestamentos com espécies exóticas (principalmente Pinus spp.), embora nesses locais situem-se os dois principais redutos de importância global do Estado: Parque Nacional da Lagoa do Peixe (sítio Ramsar, situado no Litoral Médio) e Estação Ecológica do Taim (no Litoral Sul). A Estação faz parte da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica e do Sistema Lagunar da Lagoa Mirim, na fronteira com a República do Uruguai, situada junto à Reserva da Biosfera de Bañados del Este. Nas duas áreas, além da introdução de espécies exóticas, ocorre intensivo uso das áreas de entorno para cultivo de arroz irrigado. Aqui se salienta uma ameaça que vem se incrementando mais recentemente: a utilização de áreas para aqüicultura, com peixes/crustáceos exóticos, colocando-se em risco a rica diversidade biológica nativa regional (e, nesse caso, internacional) (Margareth et al., 2005).

Ações de conservação (2):

Ação Situação
5.7 Ex situ conservation actions on going
Segundo Medeiros; Zanon (1998), as sementes de pinheiro-bravo devem ser conservadas em câmara fria e embalagem semipermeável, não devendo ser conservada em ambiente natural.
Ação Situação
1.2.1.1 International level on going
A espécie foi categorizada como NT na Lista Vermelha da IUCN 2012.1 (IUCN, 2012).

Ações de conservação (5):

Uso Proveniência Recurso
Madeireiro
​A espécie é adequada para a produção de celulose, principalmente para fibra longa (Carvalho, 2004).
Uso Proveniência Recurso
Bioativo
​O cozimento das folhas dessa espécie é usado no combate a anemias, doenças das glândulas e astenia. A resina é anticatarral e usada também no tratamento das afecções da bexiga. É depurativo e estimula a sudorese. Os brotos das folhas dão um bom xarope, fortificante e estimulante (Carvalho, 2004).
Uso Proveniência Recurso
Confecção de ferramentas e utensílios
A madeira do pinheiro-bravo é indicada na produção de embalagens, molduras, ripas, guarnições, carpintaria comum, tábuas para forros, caixaria, lápis e palitos de fósforos, brinquedos, marcenaria e caixas de ressonância; compensados, laminados, aglomerados e instrumentos musicais (Carvalho, 2004).
Uso Proveniência Recurso
Restauração Ambiental
​Espécie indicada no reflorestamento para recuperação ambiental de mata ciliar e em locais sem inundação (Carvalho, 2004).
Uso Proveniência Recurso
Ornamental
​A planta é bastante ornamental, podendo ser cultivada em parques, jardins e arborização de rodovias (Carvalho, 2004).